Praia dos Fogos

Nunca tinha passeado pela praia; era um lugar gostoso. Tinha essa parte do dia livre, então deixei as ondas baterem em minhas pernas, descalçei os chinelos e fiquei lá por um bom tempo, mexendo na areia.

Cheguei com Jack e a Dakota. Até que estava me acustumando e era bom. Vento na cara, olhar a paisagem... Jack aterrisou suavemente com Dakota ainda bem porque se não eu ia ter um treco. Estava um final de tarde ótimo; senti o cheiro do mar a já pode ver apenas pequenas ondas.
- Adoro aqui. Disse, e notei alguns barcos ali próximos. Hum, será? - Ei, quer dar uma volta? Apontei para eles. Não era muito chegada a barcos, mas...

- Valeu pela a ajuda. Sorri para ele. Acho que Dakota vai ficar bem, ela costuma não obedecer você? Tirando aquele dia que ela tava com mó raiva de mim.

Adorava um bom dia de sol no mar.
E...
Mal consegui falar, porque ouvi um bipe bem alto vindo do meu celular. Que porcaria agora? Peguei o celular corando e mal pude acreditar.

Betty, onde você está?!
Nâo te vejo faz dias!!! Peguei o celular da tia Even para mandar a mensagem.
Certa noite, quando eu fingia que estava dormindo, ouvi os médicos dizerem que minha situação piorou. Mas não é verdadem né? Você disse que ia dar tudo certo.
Espero você amanhã.
Riley.

- Riley!
Jack me olhou com dúvidas e me perguntou quem era ela.
- Apenas alguns de meus problemas na vida real, acho que você não tem que passar por isso. Estava tremendo, como pude esquecer?

Por que eu sentia que devia contar a ele?
É a Riley, minha irmã mais nova. Minha mãe morreu quando eu tinha 7 anos e me deixou ela, com alguns meses. Minha mãe tinha muitas doenças e morreu de câncer. Ela me deixou um bilhete, estava no hosital, mas sabia que ia morrer logo. Disse que um dia eu descobriria sobre o meu pai e que por enquanto eu devia con tar a Riley e chamar menos atenção possível. Claro que não deu certo. Consegui dar uma risada. - Como semi-deusa eu não parava em nenhuma escola, nem tinha amigos direito. Mas não me importava, aprendi a cuidar da Riley. Meu avô morava conosco, mas eu ficava até semanas sem vê-lo, ele chegava tarde e saia cedo. Eu nem ligava, não gostava dele, quando me via só me batia. Mas então, chegou aquele dia, quando Riley apresentou os mesmos sintomas de minha mãe, com 7 anos. Meu avô nunca me deixaria sair, tive que fugir de casa para interná-la em algum lugar, e vim para Nova York, morar com minha tia. Lá a deixei em um hospital, e ia visitá-la toda tarde. Então, aquela maldita tarde, depois do hospital, em que eu fui perseguida por um cão infernal e vim parar aqui. E agora, no meio de tudo isso, não sei como pude esquecer de Riley! Sou muito idiota. Notei que estava chorando. Duvido que você tem que passar por algo assim Porque eu perguntei aquilo daquele jeito? Acho que era meio que raiva de mim mesma.

Olhei para ele triste. A vida dele não era tão diferente quanto a minha. Senti muita pena, e ao mesmo tempo, preocupação com a Riley.
Que horrível. Acho que todo semi-deus passa por alguma coisa assim, não? Quem me dera se eu não fosse.
Olhei para ele e corei em como estava sendo egoísta. Eu devia encarar a realidade. Quem sabe eu não conseguisse sair para ajudar Riley. Eu sabia que isso era meio impossível, mas eu não podia deixá-la assim.
Acho que Jack percebeu o que eu pensava, porque ficou meio preocupado.

Aquilo me pegou de surpresa, mas naquele momento não haveria algo que eu teria mais gostado. Coloque a mão abaixo de seus cabelos, a outra ainda estava em baixo da mão dele. Depois, ficamos nos olhando e sorrindo como idiotas. Abracei-o e coloquei a cabeça em seu ombro, desejando me livrar de toda a tristeza por minha irmã; quem sabe a da mãe dele também.

- Só agora! Eu ri. Que bom que Dakota não deu uma de enciumada para cima de nós. Olhei a nossa volta, o sol ja tinha se posto e as primeiras estrelas começaram a aparecer. Senti um vento gelado passando, a cada segundo ficava mais escuro.
- Acho melhor voltarmos...Eu não queria, estava tão bom aqui... Então começei a sentir frio mesmo, procurei meu casaco, mas não estava no barco, esqueci nos estábulos.

- Pode deixar. Pisquei para ele também; já confivava mais na Dakota e, apesar de ela sair rápido, me senti segura. Agora a noite já estava no céu, vi as estrelas e a lua cheia, linda. Voamos até o chalé 11, mas antes, demos uma passeada pelo acampamento.

Cansada de esperar Jodelle, saí para caminhar. A Praia dos Fogos era um dos lugares que eu mais gostava no Acampamento. Chegando lá encontro Jack. Apesar de tê-lo procurado tanto, agora dava vontade de sair e fingir que nem o vi. Respirei fundo e fui caminhando até ele. Percebi que seu olhar se desviou de mim rapidamente e ele se levantou, pronto para sair dali. Segurei seu ombro, para que não fosse.
- Jack, fique. Eu preciso falar com você. E quero que me ouça, mesmo se não quiser mais falar comigo.

- Jack - Respirei fundo - eu não consegui acreditar que você realmente achou que eu queria te matar. Se você não pensou assim, desculpe, mas foi como você agiu ontem. Eu, Jack, te matar? Desde que eu tive esses sonhos eu fiquei preocupada. Por isso rolou tudo aquilo, por isso eu quis me afastar. Nunca quis que nada disso acontecesse. Você sabia disso! Eu sempre te avisei, falei tudo! Eu não sei o que houve na Floresta, mas percebi que a Sophie está sumida faz tempo. Bianca me disse, ela foi possuída passando por lá. E aquele colar, maldito que seja, me possuiu também. - Forcei um pouco para lembrar. Minha cabeça ainda doía de ontem. - Alguma voz me possuía. Tem algo a mais rolando aqui, você sabe. Eu só não entendo porque você reagiu assim.
Respirei fundo e soltei seu ombro, não tinha percebido que ainda segurava. Já tinha falado tudo, esperei sua resposta. Agora que tudo isso começou a acontecer, pensei que seria covardia eu sair do Acampamento para visitar Riley.