Lago

Bree afastou-se rapidamente do chalé 13, escondendo-se pelo Acampamento. Suas mãos ainda tinham resquícios do sangue da filha de Afrodite, portanto seu primeiro pensamento foi em ir à praia para se lavar. Porém lembrou-se de que sua primeira vítima era uma filha de Poseidon, portanto deduziu que o mar não estaria muito calmo à ela. Dirigiu-se então para o lago, ansiosa por limpar-se das provas de seus recentes atos. O olhar da filha de Afrodite lhe veio à mente, sua expressão assustada e o pedido silencioso por misericórdia. Talvez a ética de sua mãe estivesse realmente atingindo-a e influenciando-a. Mas não era forte o suficiente, não o bastante para fazê-la parar. Pare com isso, Bree. Antes que seja tarde... Uma voz sussurrou em sua mente. Bree a reconhecia de algum modo. Ou talvez seja por sempre tê-la imaginado com aquele timbre. Nunca a vira ou falara com ela, mas sabia quem era. Sua mãe. Os deuses estão irritados. Poseidon, Afrodite, Niké. Você matou, ajudou matar e tentou matar filhos de cada um deles, Bree! Pare antes que eles resolvam se vingar. Não poderei impedir se eles tentarem, na verdade eu os ajudarei de certa forma, dando-lhes esse sentimento. Ouvia a tudo quieta, paralisada devido à bronca que estava levando de sua mãe ausente. Da mãe que nunca a viu, da mãe que a abandonou. Não hesitarei em dar-lher sentimento e desejo de vingança, Bree. Pare enquanto há tempo. E então a voz desapareceu. Tudo voltou ao silêncio irritante de antes, apenas modificado pelos olhos vermelhos da garota. A filha de Nêmesis deixou uma única lágrima escorrer, antes de um sorriso maligno instalar-se em seus lábios. Foda-se. Disse, em voz alta, pouco se importando para o que acontecesse. Depois disso caminhou até o lago e começou a limpar-se, tirando o sangue que secava em suas unhas e em seu braço.

A semideusa terminava de limpar o sangue de suas unhas quando percebeu a aproximação de alguém. Não se deu ao trabalho de virar-se imediatamente, preferindo terminar de se limpar. Assim que terminou, levantou-se lentamente e se virou para a pessoa que estava ali, na esperança de ser Jenna. Sua face estava repleta de arrogância, mas quando percebeu quem era retesou-se. A filha de Hécate. Você. Falou apenas, cuspindo as palavras com certo nojo. Não tinha mais nada a perder sendo ela mesma, não precisava mais fingir. Tinha quase certeza de que as pessoas daquele lugar já sabiam quem ela era. Tirou seu cabelo da frente do olho e cruzou os braços, apenas observando Suzannah Simon em sua pose de forte. Tão patética. Bree sentia o leve desconforto presente nela e isso a fez sorrir. Há quanto tempo, Suzannah. Falou aproximando-se dela. Olhou-a fixamente por alguns segundos e depois desviou os olhos, ainda com a arrogância presente em si.

Bree sentiu um sorriso irônico brotando em seus lábios quando Suzannah disse aquilo. Permitiu-se gargalhar com aquilo, ainda com os olhos fixos na garota à sua frente. Se Suzannah esteve tentando demonstrar seu lado "mau", havia errado feio. Parecia mais uma menina mimada querendo ser superior. Debochada, Bree cantarolou "Aleluia!" algumas vezes, colocando uma mecha de seu cabelo atras da orelha, contendo-se para não atacar a filha de Hécate naquele momento. Sabe, Suzannah, quando te conheci soube que era lerda e idiota, mas não que era tão lerda e idiota. Riu novamente, com nojo na voz. Foram necessárias duas mortes para que você se desse ao luxo de decifrar sua visão. Na verdade, você é tão culpada pela morte de Catherine Nozori quanto o filho de Hades. Riu, andando em volta da semideusa. Segurou uma mecha de seu cabelo e a ergueu, como se até o cabelo dela fosse mais interessante do que as coisas que Suzannah fazia. "Você é legal, Suze. Gosto de você" Repetiu, com a voz fina e desafiadora, logo encerrando com uma gargalhada maligna e debochada. Você acreditou mesmo naquilo? É tão... idiota. Suspirou. Sabia que muito ainda estava pela frente. Sabia que mais cedo ou mais tarde alguém a mataria. E sabia também que antes que isso acontecesse, ela faria da vida de todos um inferno, tal como foi sua vida inteira. Deveria vir para o meu lado, Suzie. Falou, forçando o ie como forma de provocação e humilhação. Talvez assim eu não tenho que te matar. Finalizou, erguendo os olhos para Suzannah.

De tanto andar perdido pelo acampamento que mal conhecia, avistei um lago adiante, mais como todo acampamento aparentemente parecia estar vazio. Continuei ali sem fazer nada.

Bree sentiu uma onda de nervosismo, raiva e ódio percorrerem-lhe conforme Suzannah falava. Sentiu-se tentada a voar em seu pescoço, cortá-lo e reduzi-la à uma garota morta. Mas controlou-se, apenas ouvindo com um meio sorriso arrogante em seus lábios. Porém seu instinto foi maior, e quando Suzannah a desafiou, Bree sacou sua faca sem pensar. Ao notar que não conseguia se mexer, teve a certeza de ter erubescido de ódio. Tentava se movimentar, se debater, mas nada adiantava. Então continuou ouvindo o que a filha de Hécate falava, sobre uma tal de Amber que Bree não conhecera. Encarou Suzannah com a mesma arrogância de antes, como se ainda tivesse total controle de seus movimentos. Ao notar a lua nova, Bree desesperou-se internamente, porém não disse nada. Suzannah estava sendo irritante de mais. Sentiu-se flutuar, sendo elevada aos poucos pela maldita à sua frente. Se debateu uma última vez. Então me mate, Suzannah. Vamos, me mate! Gritou, com nojo em seu timbre. Estou na palma de sua mão, com um minimo movimento você pode me matar. Me mate! Gritou novamente, deixando bem claro seu desejo. Ou será que a filha de Hécate não é capaz de matar uma filha de Nêmesis mimada? Não tenho medo de você, nem dos seus amiguinhos semideuses. Me mate. Não é isso que você quer? Proteger esse Acampamento miserável? Então me mate, vingue-se de mim, faça com que eu sofra! Ainda com a arrogância presente em si. Mas eu posso ser mudada, não posso? Falou, baixando o timbre de sua voz, quase como em um choramingo. Você vai matar alguém que pode ser mudada? Bree disse, deitando sua cabeça, ainda sentindo-se completamente presa. Passaram-se alguns segundos e nada aconteceu, não foi solta, não foi morta, não foi nem ao menos xingada. Bree sorriu com aquilo, pois no fundo estava apenas tirando uma duvida. Suzannah era fraca.