Lago

Henri James Kurtz Ω Ο γιος του Ζεύς Ω Nível 5

Tudo que tinha acontecido nesses últimos anos tornaram-me numa pessoa fria, rabugenta, apegado a somente uma lembrança... Um pensamento... Uma pessoa... Uma esperança. Posso dizer que acabei ficando um tanto sem noção. As missões que eu me lançava eram de teor suicida, mas eu não estava me importando. Somente queria alguma pista de Suzannah. O que, até então, tinha sido em vão. Olhei para o horizonte, vendo toda a extensão do lago. Lá estava eu, sentado próximo as águas, vendo Lirien a esquadrinhar o céu azul e limpo, dando rasantes na superfície límpida da grande lagoa, e por vezes a surgir com um peixe em suas garras. Vrael encontrava-se deitado atrás de mim, me servindo de apoio, com suas asas recolhidas. Ele entendia meu silêncio, e sabia que eu somente precisava daquilo. Tentar esvaziar a mente e não pensar no pior.

"Bem que o Senhor podia me ajudar, não é, Pai?" Pensei, olhando para o céu azul, percebendo que o grande Senhor dos Céus, e também meu Pai, Zeus, estava um tanto calmo. "Esquece... Você não interfere em coisas mundanas..." Baixei o olhar e balancei a cabeça. Uma brisa aconchegante envolveu meu corpo, brincando com os fios do meu cabelo. Era um vento quente e úmido, vindo do lago. Provavelmente era Zeus, tentando se mostrar presente. Ou não... Podia ser só uma coisa normal, e eu no desespero por uma resposta de meu Pai, tornava tudo em um sinal.

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"Henri, acho que você deveria ver isso." Disse Lirien, mentalmente, voando de volta para perto de mim. "O que foi, Lirien?" Perguntei, intrigado, a medida que ela aproximava-se. Então ela passou por mim, e continuou voando na direção oposta. Virei-me para ver onde ela ia, e acabei por vê-la pousar em uma rocha, a alguns metros de alguém. Cerrei um pouco os olhos, forçando a vista, tentando ver quem era. Mas nada. Era difícil enxergar àquela distância. "Quem é?" Perguntei novamente para a águia, que tinha uma perfeita visão da pessoa. "Henri..." O tom na voz de Lirien era de preocupação. Levantei então, e consequentemente Vrael também o fez, ficando curioso com toda a situação. "É Suzannah!"

Naquele instante eu petrifiquei. Olhos esbugalhados, boca semi aberta. Meu coração acelerou, e a respiração ficou ofegante. Senti uma certa fraqueza nas pernas. Não podia ser Suzannah. Era impossível! Eu vasculhei meio mundo atrás dela, e nada! Como ela simplesmente aparecia no acampamento, depois de todo esse tempo, e nem sequer ia falar comigo? Engoli em seco, e então comecei a caminhar, indo na direção da filha de Hécate.

Estando a uns dois ou três metros de distância, falei. - Olá Suzannah, filha de Hécate. - Minha voz estava um pouco embargada. Sentimental. Não sabia se ficava feliz com a volta dela, ou se ficava arrasado com o fato dela não ter me procurado. Resolvi agir indiferente, como se o fato dela ter simplesmente sumido, fosse a coisa mais normal do mundo. Sim, eu sou uma pessoa muito orgulhosa. Isso pode ser um grande defeito.

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A resposta fria e estúpida me atingiu como um soco no rosto. Parei, respirei fundo e engoli em seco novamente. Olhei novamente para ela, realmente, ela não lembrava de mim, e pelo jeito, não queria se lembrar de nada. - Perdeu a memória então... - Comentei, mais para mim do que para ela. Isso explicava muita coisa, mas mesmo assim, não tirava o peso em meu coração. - É, o que te falaram é verdade. - Comecei, em um tom indiferente. - Você realmente tem muitos amigos aqui, e sumiu por dois anos, depois de uma missão. - Então resolvi acrescentar algo que, pelo jeito, ela não fazia idéia do que se tratava. - Você é filha de Hécate, a Deusa da Magia. E eu sou Henri, filho de Zeus, o Senhor dos Céus.

Ela parecia descrente. Então, estiquei minha mão para o lado, ainda com os olhos fixos nela, e disparei um raio pequeno, que atingiu o chão e fez um pequeno buraco no chão. - Agora sabe que não estou mentindo. - Respirei fundo novamente, levando ambas as mãos até o rosto, e bufando, em sinal de insatisfação. Mas não com ela, e sim com a situação em geral. Por fim, voltei meu olhar para Suzannah, que estava com ambas as mãos na cabeça. As dores de cabeça só vinham com as visões, mas aparentemente, estavam vindo conforme a memória tentava retornar. - Não sou amigo, nem professor, muito menos um irmão. - Parei, e pensei no que falar. Ela já tinha problemas demais. Se eu realmente falasse quem eu era, só iria causar mais problemas. - Não sou ninguém de importante para você, só um conhecido. - Dei mais uma última olhada para a garota, com uma pontada acertando em cheio meu coração. Me virei e caminhei novamente na direção de Vrael, que esperava, a alguns metros atrás. Lirien estava em seu dorso, e levantou vôo assim que eu me aproximei. Montei no pegasu e ele então lançou-se aos céus. Deixando o chão mais distante a medida que subiu em direção ao céu.