Linha de Tiro com Arco e Flecha

Depois de Suzannah ter saído do meu chalé, arrumei minhas coisas e fui tomar um banho. Depois disso sai daquele chalé inútil. Tudo aqui me dava raiva e me causava nervosismo. Queria bater em todos os que eu via. Queria lutar, matar, machucar. Queria exercer aquilo de que tinha prazer, mas não podia enquanto não conhecesse bem o lugar e as pessoas. Enquanto eles não confiassem em mim eu teria que manter a pose de garota boazinha e indefesa, o que não era muito legal. Porém uma coisa eu podia fazer: treinar. Não era uma das melhores coisas dali, mas era bom mesmo assim. Cheguei na Linha de tiro e peguei minha faca. Respirei fundo e mirei, começando a atirar.

Depois de sair da enfermaria, fui para meu chalé, e Emyli para o dela. Depois disso sai de lá e comecei a andar sem rumo, apenas com a mão em minhas facas e com as duas facas que ganhara de presente de meu pai guardadas em meu quarto. Elas eram envenenadas, portanto não deveria andar com elas por qualquer lugar. Assim que cheguei na linha de tiro, vi uma menina que parecia tão perdida quanto eu. Caminhei até ela, vendo o quanto se esforçava. Ela tinha boa mira, mas não parecia contente com isso. Assim que me percebeu ali, ela parou o que estava fazendo e apenas me encarou. Um silêncio chato e irritante instalou-se entre nó e então resolvi quebrá-lo. Olá. Disse somente. Ela não retribuiu com um sorriso, parecia assustada. Pela sua aparência, diria que tinha no máximo catorze anos, o que a fazia ser dois anos mais nova que eu. Aproximei-me dela e então sorri. Decidi me tornar amiga daquela garota. Ela era nova, inexperiente e provavelmente estava muito confusa com tudo o que tinha acontecido em sua vida. Você tem uma ótima mira, garota. Olhei para o alvo, cujo este carregava uma faca bem no centro. Ela acompanhou meu olhar, exibindo um sorriso leve, porém orgulhoso. Sou Emelinne, e você?

E então do nada uma vadia loira aparece. Pelo visto tenho imã para idiotas. Porém sorrio, com expressão de garotinha boba. Eu deveria representar bem se quisesse sobreviver mais de um mês naquele lugar. Apesar de a loira me parecer insignificante para os outros, não a ataquei nem nada do tipo. Primeiro eu queria descobrir algo com aquela loira idiota. Olá. Sorri infantilmente. Pela sua reação, ela estava caindo. Obrigada. Mas eu não acho isso. Minha mira é péssima, isso foi só um golpe de sorte. Então ela se identificou. Emelinne. Nome de patricinha. Provavelmente filha de Afrodite. Ela teve sorte, eu não a mataria. Precisava de um dos Três Grandes. Sou Bree. Sou filha de Nêmesis, e você? Perguntei, apenas para confirmar.

A garota se apresentou. Tinha um nome muito bonito, por sinal. Seu sorriso era doce e aparentava ser apenas uma menina normal, com uma vida de semideusa. Filha de Nêmesis. Interessante. Pensei um pouco antes de responder. Hades. Disse. Sou filha de Hades. E então sua face mudou, para uma surpresa instantânea. Ela sorriu, mas não era o mesmo sorriso de antes, esse era diferente, muito diferente. Então ela sorriu novamente e se aproximou de mim. Então, está aqui a quanto tempo, Bree? Perguntei por fim, achando aquilo muito, muito estranho.

E então Emelinne tornou-se útil para mim. Sorri instantaneamente, sem me dar ao trabalho de fingir ou algo do tipo. A filhinha de Hades estava bem à minha frente e logo logo estaria morta. Eu sorri com essa hipótese me aproximei dela. Agora que tinha a presa bem em minha frente não sabia o que fazer. Certamente não deveria atacá-la. Primeiro decidi testar sua força, suas habilidades, suas armas. Com outro sorriso, respondo à sua pergunta. Dois dias, e você Emmy? Ah, posso te chamar assim? Finalizei com um sorriso. Parecer inofensiva era a maior dificuldade do momento. Então, quer treinar? E então saco minha faca.

E Bree era estranha. Decidi isso naquele momento, perante sua mudança rápida de atitude. Um sorriso iluminou seu rosto e eu não sabia seu motivo - o que me deixou uma estranha sensação de perigo. Mas não vi porquê temer Bree, em sua pequenez e gentilidade. Eu estava sendo paranoica, só isso. Assenti quando ela me respondeu e fiz um sinal de "sim" com a cabeça quando ela me perguntou sobre o apelido. Treinar não parecia ruim, por isso peguei uma de minhas facas. Porém ao sentir o cabo, afastei-me com um passo para trás. Eu havia me confundido e deixado as facas normais no chalé. Aquelas eram as envenenadas e eu não poderia treinar com Bree usando aquelas armas, provavelmente a mataria. Desculpe, mas não posso. Essas não são minhas armas para treinos, pequena. Essas são envenenadas, eu poderia te matar se fizesse um pequeno corte. Podemos treinar depois? Finalizei.

Então a filha de Hades tinha uma arma envenenada? Interessante. Meus pensamentos começaram a se unir e a formar um plano. Então uma pequena luz iluminou-se em minha cabeça. Pode sim. Não estou a fim de morrer hoje. Ri. Olhei um pouco para os lados e então olhei novamente para ela. Bem, tenho que ir. Até mais Emelinne. E saí dali. Queria que ela voltasse para seu chalé e deixa-se lá sua faca. Assim que estivesse distraída eu roubaria suas facas e só os deuses poderiam saber o que eu faria.