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– Alexander... – Annabelle murmurou. No entanto, a dor e as lágrimas fizeram com que parecesse “Alex Ander”. Ele teria rido disso em qualquer outro momento, assim com ela, mas não naquele. Não enquanto segurava a mão dela, deitada em um beco imundo em uma noite chuvosa. Naquele momento, ele chorava. Porque ela estava indo embora. Estava morrendo.
– O que foi? – Ele respondeu, tentando impedir a voz de tremer.
– Não... – E então a dor a fez se contorcer e cuspir sangue para o lado mais uma vez. Havia uma poça ao lado dela. – Não chore. Não por mim.
Ele quis assentir, no entanto era impossível. Por que ela era tão altruísta? Por que estava pensando nas lágrimas do irmão quando estava morrendo? Ele olhou bem para o rosto de Annabelle. Ela tinha a pele branca demais, por causa da doença, e algumas sardas se espalhavam por suas bochechas. Seus cabelos negros compridos faziam um contraste enorme. Ela também tinha olhos negros, e não era muito alta. Nunca fora. Ele ainda se lembrava de seu rosto quando ela tinha seis anos de idade, e cortava o cabelo na altura dos ombros. Seu rosto era bem mais rechonchudo do que agora, e ela era realmente pequena. Mas sua habilidade de se esquecer de si mesma para ajudar os outros não mudara nem um pouco. Naquela época os primeiros sinais da doença começavam a aparecer, no entanto ela costumava esconder a dor para não preocupar a mãe e o irmão, sua única família. Ele podia vê-la ainda tentando fazê-lo, forçando um sorriso entre as lágrimas e o sangue.
A pressão que ela fazia em sua mão começava a diminuir. Ele a estava perdendo. Ela estava indo embora. Queria mantê-la viva, mas não seria justo fazê-la resistir. Ela já sofrera demais em quatorze anos. Bem mais do que a maioria das pessoas sofreria em toda a vida. Enquanto seu coração, já fraco, parava de bater, ela lentamente parava também de apertar a mão de Alexander. Depois de mais alguns minutos, a mão dela escorregou da do irmão, e então ele soube.
Ela estava morta.