Centro de Treinamento

C aminhei atrás de Alma por um tempo, até pararmos no Centro de Treinamento. E então, após aquela cena, que me deixou assustada, ela me disse para atacá-la. Hesitei por alguns segundos, mas sabia exatamente o que estava acontecendo. Um treinamento se sobrevivência. Se eu cumprisse o objetivo estabelecido, eu ganharia. Alma já fizera algo do tipo duas outras vezes, e eu sempre saíra machucada. Obviamente, em todas as vezes, eu perdera, pois não tinha prática nenhuma. Agora, porém, a coisa era diferente. Eu podia ver em seus olhos. Ela não treinaria uma fracassada. Dessa vez ela estava falando sério.
Arremessei a alabarda para longe, como se fosse acertar Alma. A verdade era que não podia correr rapidamente com ele em mãos, e num jogo como esse, eu precisaria ser rápida. Defendendo um golpe seu com o katar pela esquerda, mal vi a outra faca vindo pela direita. Ela acertou meu rosto, fazendo um corte profundo logo abaixo de meu olho. Arregalei os olhos, surpresa, mas não parei de atacar, defender e desviar. Ela fez aquilo novamente,fingindo atingir-me dessa vez pela direita, e cortando meu braço esquerdo. Comecei a recuar cada vez mais, indo em direção a piscina, até estar perto o suficiente para simplesmente me jogar nela. Mas até esse ponto, eu já estava toda cortada. Assim que meu corpo caiu nela, parte da água ficou vermelha. Nadei até o meio da piscina, virando apenas para vê-la pegar um arco e flecha e gritar: Qual o objetivo?! Ela sorriu e atirou a flecha, que passou raspando minha cabeça. De onde ela tirou aquilo? Alma não tinha nenhum arco e flecha.
Então lembrei-me. Antes de vir para cá, passamos no arsenal, e ela me disse para pegar o máximo de armas possíveis. Não conseguira pegar muitas, mas lembrava-me de um revólver, uma espada, um arco e flecha e um cinto cheio de facas. Deixara-o na porta do Centro. Se eu pudesse apenas ir até ela... Nadei até a beira da piscina e sai, pensando em uma estratégia.

O lhei em volta, identificando algo no topo da parede de escalada. Precisava subir, mas como? Minha mão fora acertada por uma flecha e, mesmo o ferimento não sendo dos piores, sangrava e doía muito. Precisava de um curativo, antes de qualquer coisa. Rasgando uma fita de minha roupa, uso-a para amarrar forte em minha mão. A dor é muita, mas talvez aquilo contivesse o sangue, e eu não escorregasse. Mas Alma continuava a atirar, e eu poderia ser atingida facilmente. Precisava distraí-la. Minhas únicas armas eram uma alabarda e um katar, e a única capaz de servir-me naquele momento, a alabarda, estava jogada entre os alvos. Felizmente, não estava tão longe assim.
Correndo, cheguei após alguns minutos na alabarda. Preferia que fosse um arco; as possibilidades de só distrair, sem matar, seriam menores. Mas Alma sempre disse que precisava me virar com o que tivesse em mãos.

A rremessei minha alabarda, distraindo-a. Mas não foi o suficiente. Joguei-a novamente em Alma, visando distrair novamente, e sem ver o estrago, corri para a parede de escalada. Minha mão estava sangrando demais, e escorregava toda hora, e a dor tornava aquilo insuportável. De algum modo, não fio atingida por nada, e nem me virei para ver o porquê. Um erro: quando cheguei lá em cima, Alma estava quase chegando também. Abri rapidamente a caixa, fazendo um curativo rápido no pior ferimento, o da mão.

D escemos a parede e, sem dizer nenhuma palavra, Alma guiou-me até a Enfermaria. Naquele momento, eu queria, e muito, saber meus resultados. Mas sabia que demoraria um pouco para que ela o dissesse.