Linha de Tiro com Arco e Flecha

Henri James Kurtz Ω Ο γιος του Ζεύς Ω Nível 4

[Treinamento de Henri James Kurtz]

- Quarenta e oito, quarenta e nove, cinquenta! - Apoiei os pés no chão, sentindo meus braços pesarem muito mais do que o habitual. Erguer o próprio peso, com os braços, em uma barra, era uma tarefa difícil, mas se eu quisesse manter a forma, isso era necessário. Peguei uma garrafa de água, e então despejei o líquido em minha boca, deixando-o escorrer garganta abaixo, refrescando-me. Fechei a garrafa e a coloquei de lado, pegando uma toalha pequena que eu deixara em cima de um banco. Sequei o rosto, e passei a mão nos cabelos, colocando-os para trás. Pensei então em Suzannah, e como havíamos passado um bom tempo junto. Ainda tinha que dar o troco por ela ter me jogado nos dejetos não identificados. E ela iria ver. Ela iria sofrer as consequências! De maneira carinhosa, claro. Ou não.

Olhei em volta. Estava na linha de arco e flecha. Estava ai algo que eu nunca havia tentado. Talvez não por dificuldade, mas sim por nunca ter sido necessário. - Não tenho nada a perder... - Falei, sozinho. Levantei-me, e então peguei um dos arcos que estava deixado de canto. Puxei o fio, e o prendi na outra extremidade, deixando-o pronto para uso. Apontei para frente, e somente puxei a corda, vendo se estava frouxo. Eu fazia isso com um olhar tão crítico, que parecia que eu entendia alguma coisa sobre arcos. Achei uma aljava deixada de lado também, e a coloquei nas costas. Havia uma meia dúzia de flechas dentro, mas era o suficiente, pelo menos para o começo. Coloquei uma flecha no arco, apoiando sua extremidade inferior no fio. Apontei-o na direção de um dos alvos, aproximando a mão direita, que segurava o fio, de meu rosto, e esticando a mão esquerda, que segurava a madeira do arco. Fechei o olho direito, focalizando a mira somente no esquerdo, e então estava pronto para disparar...

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[Treinamento de Henri James Kurtz]

O vento parou, sendo aquele, talvez o momento perfeito para disparar. Visualizei o alvo, e alinhei a ponta da seta um pouco a cima do centro, para que ela fizesse uma pequena parábola e acertasse o alvo perfeitamente. Então soltei o fio, deixando a flecha zunir, em um vôo rápido, e desastroso. Errei o alvo totalmente, deixando a flecha cravar-se em uma árvore, a alguns metros para o lado. Preparei outra seta no arco, e então repeti o processo, mas dessa vez eu notara o que havia feito de errado. Respirei fundo e então prendi o ar, deixando meu corpo imóvel. Novamente alinhei a ponta da flecha um pouco a cima do alvo, e disparei. Desta vez o tiro saiu até que muito bom, cravando-se no alvo, somente um pouco abaixo do que eu havia imaginado.

- Parece que eu levo jeito. - Comentei, sozinho. Isso estava virando um hábito. Na verdade, sempre fora. Desde que eu me lembro, sou do tipo que fala muito sozinho, porque passo muito tempo sozinho. Na escola, costumava chamar atenção das meninas, que vinham a me rodear, talvez pela minha beleza, ou algo assim. Já os rapazes se sentiam intimidados pela minha presença, então me mantinham longe. De qualquer forma, eu não tinha amigos de verdade, com quem pudesse conversar. Só um bando de garotas sem assunto que estavam mais interessadas em arrancar minha roupa, do que ter uma conversa. Não que eu não gostasse disso. Mas é que as vezes é bom ter alguém pra conversar. Guardar as coisas somente para você pode acabar deixando-o sobrecarregado. Preparei mais uma flecha, e então disparei, dessa vez efetuando todo o processo mais rapidamente. Acertei próximo ao centro do alvo. Um sorriso maroto surgiu em meu rosto. Preparei mais uma, e com ainda mais rapidez, disparei, acertando o centro do alvo.

- Ok, hora de deixar as coisas mais difíceis. - Tomei mais alguma distância, o que me obrigaria a recalcular toda a trajetória da flecha. Isso era interessante. Arco e flecha exigia muito mais do que uma boa mira. Exigia também um cálculo do vento, que mudava a trajetória da seta, e também uma bela noção de física, uma vez que a gravidade ia fazer a flecha deslocar-se para baixo. Levei a mão até a aljava, e então notei que só tinha mais duas flechas. Certo, mais duas tentativas, e então lá iria eu buscar as setas cravadas no alvo, e aquela outra que se embrenhara na floresta, a qual eu só ouvira o baque, quando cravou-se em algo que eu deduzi ser uma árvore.

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[Treinamento de Henri James Kurtz]

Meu nível de concentração naquele momento, era máximo. Eu não ouvia nada a minha volta. Somente conseguia escutar minha respiração, controlada, disciplinada, e somente via o arco, a flecha, e o alvo. Mirei a seta um pouco mais a cima do que antes, e então disparei, tomando cuidado com a respiração, para que não movimentasse meu corpo, mudando a trajetória da flecha. Ela fez um vôo um pouco mais demorado, já que a distância era maior, e foi assoviando, até acertar o alvo, com um baque seco. Por pouco não acertei o centro, e isso me deixou motivado. Saquei a última flecha, e a preparei, fazendo o processo novamente. E então o baque, quando a a seta acertou o alvo. Desta vez fora no centro. Uma precisão invejável. Parecia que eu tinha o dom de manipular armas, tanto de combate corpo a corpo, quanto as de disparo.

Aquela havia sido a última flecha. Baixei o arco, e comecei a caminhar, indo na direção do alvo. Retirei as cinco flechas, tomando cuidado para não quebrar as hastes e nem as pontas, e as depositei na aljava. Andei até onde a outra flecha foi, e então a achei, fincada numa árvore. Retirei-a, e a guardei na aljava, juntamente com as outras. Voltei então a linha de tiro, desta vez tomando mais distância. Não havia percebido, mas minhas roupas, outrora ensopadas com suor, já estavam quase secas. Vi Lirien aproximando-se, então baixei o arco. Ela planou, e então pousou delicadamente em meu ombro, colando suas asas em seu corpo, e bicando minha orelha, de forma carinhosa. Acariciei suas penas, e então ela se pronunciou. "Gostei da garota. A filha de Hécate. Suzannah, certo?" Uau, era surpreendente como essa pequena águia prestava atenção nas coisas. "Sim, Suzannah. Eu acho que eu e ela estamos meio que namorando, sabe? Mas não tem nada oficial ainda." E Então ficamos ali, jogando conversa fora, passando o tempo. Finalmente eu tinha com quem conversar, que me entendia, já que Lirien estava ligada diretamente com meus sentimentos. Era uma sensação de alívio, muito boa.

[Fim do Treinamento|2 horas = 100 Pontos]